Buscapé

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

CONSEQUENCIAS DOS FATORES AMBIENTAIS NA SAÚDE

A atmosfera sustenta o planeta Terra e protege a vida contida nele contra a radiação cósmica e meteoritos. Porém, ao mesmo tempo, a atmosfera carrega material nocivo para o trato respiratório colocando a saúde humana sob risco. As vias aéreas representam a maior área de superfície epitelial do corpo humano em contato direto com o meio externo e, como conseqüência, é a que mais sofre com as agressões advindas deste contato. 

Diariamente, um adulto normal respira em média 15 kg de ar, ingere 1,5 kg de alimento e 2 kg de água. Essa grande quantidade de ar inspirado pode ser ainda aumentada em 20 vezes com o aumento do esforço físico. O ar contém partículas inorgânicas, microrganismos vivos e mortos, gases, vapores e fumaça. Mudanças de temperatura, umidade e composição do ar, mesmo pequenas concentrações de poluentes, podem se constituir em uma grande carga para o trato respiratório.

O nariz constitui a primeira linha de defesa do sistema respiratório contra a entrada de agentes agressores, executando várias funções como umidificação, aquecimento e filtração do ar inspirado e transporte mucociliar. O nariz responde a uma variedade de estímulos ambientais e sua eficiência pode ser afetada por vários fatores, como anatomia e volume da cavidade nasal, distribuição do fluxo sangüíneo, temperatura e umidade da mucosa, estresse emocional, alergias, diabetes, asma, respiração bucal, tabagismo, decúbito supino, gravidez, agentes farmacológicos, poluição atmosférica, temperatura e umidade do ar. Muitas dessas condições e circunstâncias alteram a mucosa nasal, produzindo ressecamento ou congestão nessa região.

A temperatura é um dos parâmetros de qualidade do ar que respiramos. A temperatura do ar tem efeitos sobre processos químicos, físicos e biológicos em geral, e também sobre o equilíbrio térmico corporal e performance física e mental do homem. Em geral, o ar das cidades é 1oC a 2oC acima da temperatura do ar da região que as circunda, produzindo um fenômeno de aquecimento em ilha. 

Outro importante fator de qualidade do ar é a umidade. O vapor de água entra na atmosfera através da evaporação das superfícies dos oceanos, rios, lagos, vegetação e solo. Em geral, o conteúdo de vapor de água atmosférico de cada localidade varia sazonalmente, sendo normalmente menor no inverno e maior no verão. Apesar dos processos de combustão emitirem vapor de água na atmosfera, as umidades relativa e absoluta das cidades são aproximadamente 6 a 18% menores comparadas com a zona rural, devido às altas temperaturas registradas nas cidades. Quando o ar é aquecido ele aumenta a sua capacidade de carregamento de vapor de água. O limite inferior de 30% de umidade relativa do ar inspirado diminui significativamente a umidificação da mucosa das vias aéreas superiores. 

Exposições ao ar seco e frio, mesmo curtas, podem promover redução da temperatura e umidade da mucosa nasal e comprometer o condicionamento do ar inspirado e transporte mucociliar. Entre as funções do trato respiratório, o transporte mucociliar é o mais sensível indicador de mudanças na umidificação do ar inspirado. A diminuição do transporte mucociliar pode também favorecer a ocorrência de infecções respiratórias e indicar a gravidade da doença. O ar frio reduz o fluxo sangüíneo da mucosa nasal, causa congestão nasal e aumenta a resistência ao fluxo aéreo durante a respiração. A inspiração de ar seco e frio estimula mecanismos neuronais das vias aéreas envolvidos com hiper-responsividade. A ativação de receptores de frio ou osmorreceptores na mucosa nasal induz resposta broncoconstritora em indivíduos saudáveis. A exposição ao ar frio e seco (umidade relativa de 20% a 22oC) induz sensação de dor, inflamação, rinorréia em muitos indivíduos e aumenta a tonicidade do muco que recobre o epitélio do trato respiratório. Estudos experimentais em animais mostram que a redução da umidade absoluta do ar inspirado induz alterações das propriedades físicas do muco respiratório. Se a magnitude da agressão aumenta, a progressão da disfunção é acelerada. 

Os efeitos da poluição atmosférica sobre a saúde humana, especialmente sobre o sistema respiratório, são inúmeros. A irritação da mucosa das vias aéreas é um dos mais precoces e evidentes, alterando consideravelmente a qualidade de vida. A contínua agressão induzida pelos poluentes atmosféricos assume características de processo inflamatório crônico, com alterações do epitélio de vias aéreas e efeitos prejudiciais sobre importantes mecanismos de defesa, em particular o transporte mucociliar. A poluição atmosférica afeta especialmente populações específicas, como crianças e idosos, os quais apresentam risco aumentado de desenvolvimento de doenças respiratórias. 

Concluindo, o ar seco, frio e poluído pode produzir efeitos prejudiciais sobre a mucosa nasal, alterando a capacidade dessa região de condicionamento dos gases inspirados e remoção de agentes nocivos à saúde, além de causar sintomas nasais. As crianças, idosos e indivíduos portadores de doenças respiratórias e/ou cardíacas são potencialmente afetados por alterações da qualidade do ar.

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